Reforma de fogão a lenha

     Nesta postagem vamos mostrar como tornar um pequeno fogão a lenha comum, em um fogão com melhor queima de lenha e melhor eficiência energética. Isso significa, em obter um fogão que economiza lenha, atinge altas temperaturas e quase não produz fumaça.
     A grande maioria dos projetos de fogão a lenha, são projetos antigos, que não consideravam a escassez de lenha na natureza e pouco se preocupavam com a eficiência energética. Na reforma que realizamos, apenas utilizamos a carcaça e a chapa do antigo fogão, transformando todo o seu interior em um fogão de modelo Rocket ou Foguete.

Fogão Original

Como era o fogão por dentro

Remoção da chapa de ferro fundido

Remoção das tampas do cinzeiro e entrada de ar

     O nosso fogão originalmente, era revestido com tijolos comuns de barro. Por possuir baixo poder de armazenamento e refração de calor, optamos por remover todo o revestimento original e colocar revestimento novo, feito com tijolos refratários.

Remoção da grelha e revestimento interno

Início da montagem do revestimento

     Um fogão foguete possui uma característica básica, que é seu formato em "L", que aumenta a eficiência da queima, permitindo que um pequeno turbilhão de ar se forme em seu interior, devolvendo a fumaça para o fogo, requeimando alguns de seus gases e vapores de água, fato que leva ao desaparecimento da fumaça comum na queima de lenha.

Novo túnel de queima

     Além dos tijolos refratários, utilizamos muita cinza de lenha para trabalhar como isolante térmico. A madeira que aparece na imagem, ficou ali apenas para sustentar o túnel de tijolos até que o cimento estivesse completamente seco. Quando isso ocorreu, a madeira foi retirada, permitindo a livre passagem de ar.

Vista superior 

     Quando o cimento secou, a tampa de ferro fundido foi recolocada e o fogão foi remontado na sala de nossa casa, recebendo o conjunto restante da chaminé. 

Aspecto final depois de reformado

Como ficou depois

Veja o fogão em funcionamento: Vídeo 01 Vídeo 02


RPPN Perna do Pirata

     A Reserva Particular do Patrimônio Natural Perna do Pirata, fica localizada em Morretes no Paraná, na comunidade de Anhaia. Após 12 Km de estrada de chão e pedra, atingimos a altitude de 162m acima do nível do mar. É lá que o grupo do Ipepa se reuniu com a finalidade de lapidar um PDC que irá acontecer no meio deste ano de 2017.

Ponte sobre o rio

     Já na chegada somos levados a refletir sobre nossos valores e medos. Não se pode chegar na reserva sem atravessar por uma ponte de cabos de aço e madeira, que balança e muito, como aquelas que vemos em filmes de aventura.

Travessia da ponte

Vista da ponte

     Após a travessia, chegamos a um lugar muito preservado, onde há uma sede com boas instalações. Foi neste cenário que a convite do permacultor Arthur, iniciamos a estruturação do PDC.

Reunião na sede da RPPN

Foto da cozinha

Varanda da sede

Vista da casa de apoio

Experimento com parede em barro

     #RPPN #PERNADOPIRATA #PDC #PERMACULTURA





Safra 16/17 de morangos orgânicos

     Como foi publicado em postagem anterior, mostramos a montagem de estufas de bambu para a produção de morangos orgânicos. Agora chegou a hora de postarmos algumas imagens da safra 16/17. Em uma das estufas, executamos dois andares de produção. Na foto abaixo, vemos a variedade Camarosa de morangos.

Vista interna da estufa produzindo

     Com a finalidade de diversificar o período de produção e o sabor e tamanho das frutas, outra variedade escolhida foi a Camino Real, que aparece na imagem a seguir.
     
Vista Interna da estufa

     Ainda buscando qualidade de produto, uma estratégia adotada, foi observar a natureza e deixá-la trabalhar a nosso favor, ao inserirmos meliponídeos para auxiliar na polinização dos morangos. Abaixo uma caixa de Jataí em meio à estufa.


Caixa de meliponídeos

     O resultado final dessa observação e reprodução da natureza não poderia ser outro, senão a obtenção de um produto saudável e de qualidade, como podemos ver nas imagens a seguir.

Morangos na estufa

Morango gigante

Cesto de Colheita

     Como a produção é resultado de uma parceria entre a estação Jaguatirica de permacultura e a estação Cruvatã de agroecologia, na foto abaixo dois de seus representantes aparecem orgulhosos mostrando o resultado dessa parceria!

Rodrigo e Carla com os morangos

     E para finalizar, não poderíamos deixar de mostrar o rótulo desenvolvido para a comercialização do produto final, morangos congelados! Esperamos que tenham gostado.



#morangos #organicos #bambu #estufademorango




Casa sustentável em Morretes

     Na mesma região onde está localizada a Estação Ecológica Engenho da Serra, fica a casa de um outro permacultor, o nosso amigo Guilbert, que teve seus conhecimentos em permacultura aprofundados em um PDC que ocorreu no Peru. Em processo de transição, o Guilber é mais um que está efetuando o êxodo urbano, deixando a capital paranaense para morar no litoral do estado.
Vista frontal da casa

     Em Morretes ele decidiu fincar suas raízes e começou sua jornada com o manejo de sistemas agroflorestais. Atualmente, ele está construindo sua casa, que podemos ver nas imagens abaixo. Elevada do chão para evitar umidade, a estrutura da casa é basicamente executada em madeira dos mais diversos tipos, nela há desde dormentes de ferrovia até assoalho de carroceria de caminhão.

     Outra Característica da casa, é o "abuso" de vidros e janelas recicladas, que permitem que o interior da residência seja inundado com luz natural, evitando o uso de energia elétrica, e convidando a natureza para ingressar aos olhos dos moradores. 

Vista Posterior da casa

     A solução adotada para os banheiros foi a alvenaria, que permite maior duração das áreas úmidas, e a sobreposição das mesmas, facilitando a disposição de um banheiro tanto na parte térrea, quanto no piso superior.

Parede - Taipa de mão

     Para vedação, além dos panos de vidro, foram executadas paredes em taipa de mão ou taipa de sopapo, como também era chamada a técnica no período colonial, época na qual a técnica era amplamente difundida e utilizada.

Escada - Madeira reutilizada

     Para acessar o segundo piso, uma escada com degraus executados em antigos dormentes de ferrovia foi a opção, deixando a edificação com uma lembrança das vias férreas que cortam todo o nosso estado do Paraná. 

#permacultura #taipademao #taipadesopapo #bioconstrucao #morretes


Morretes - Estação Ecológica Engenho da Serra

     Aos pés da serra do mar, fica localizada a propriedade dos nossos amigos agrofloresteiros, Amora e Luis Paulo, onde manejam Sistemas Agroflorestais de diversos estágios de desenvolvimento. Lá podemos encontrar cacau, banana, mandioca, cana de açúcar, maracujá, arroz, ingá, eucalipto, gengibre, entre diversas outras espécies. Membros do Ipepa estiveram lá, para uma visita de conhecimento da propriedade, além de participar de uma reunião para a organização de um PDC no meio do ano.

Vista geral da Estação Engenho da Serra

     A família Gnatta do Luis Paulo, está na propriedade desde 1910, e desde 1914 produzem uma cachaça de banana muito famosa. Com o intuito de continuar na área, o Luis e a Amora manejam a agrofloresta, enquanto planejam a construção de sua habitação no meio da mata. 

 Rafa e Amora observam o SAF

     Encontrada em abundância, a água é o elemento da paisagem que não falta, e os antepassados do Luis já haviam percebido isto, tanto é, que construíram um pequeno canal para movimentar o engenho, e que hoje pode ser usado para outros usos, basta criatividade, tal como gerar energia, afiar ferramentas, moer cana, entre outras tarefas que a imaginação permitir.

Vista do canal

     Além do trabalho e de facilitar a vida, a água pode ser usada para lazer, como vemos na imagem abaixo, feita no rio próximo da agrofloresta, que pode ser usado para um bom relaxamento e banho após os trabalhos.

Vista do rio

     Mas como não fomos a passeio e tínhamos como objetivo visitar as novas estações de permacultura que ingressarão na teia do Ipepa, tratamos logo de visitar mais sistemas agroflorestais do lugar, como pode ser visto abaixo, no momento em que vimos um Saf consorciando, milho, arroz, mandioca e inhame.

Visita ao SAF.

#engenhodaserra #SAF #Agrofloresta #Permacultura

Estufas de bambu para morangos

     A estação de permacultura Jaguatirica, em parceria com a estação Cruvatã, ambas em São João do Triunfo no Paraná, estão atuando em parceria para produção agrícola. Trata-se de um planejamento em conjunto para o plantio de morangos. Após viagens ao Chile e ao Rio Grande do Sul para prospectar informações, acabamos adaptando algumas técnicas construtivas e de produção, aos materiais e ferramentas que tínhamos disponíveis em ambas as estações. Confira!

Perspectiva da etufa

     Definidas as medidas do projeto, resolvemos estruturar as estufas em eucalipto e nas coberturas optamos por colocar varas de bambu, ambos materiais disponíveis nas estações permaculturais. Antes de iniciar o trabalho com o bambu, é importante conhecer e saber manejar corretamente as espécies de bambu que temos disponíveis. Na imagem abaixo, podemos identificar as varas jovens, pela presença de sílica (pó branco) que fica concentrada atrás das bainhas (folhas que protegem a gema). As varas mais antigas podem ser facilmente reconhecidas pela presença de fungos, manchas e líquens. 

Varas jovens e antigas na moita de Bambusa Tuldoides.

     Para mantermos as nossas moitas saudáveis, foi importante retirarmos apenas as varas antigas, isto evitará a contaminação por fungos nas varas jovens e evitará a retirada de varas fracas e macias. As varas jovens, possuem alta concentração de amido, açúcares, água e possuem as paredes pouco espessas. Outra informação que devemos saber também, é que as varas de bambu não engrossam para fora, mas sim para dentro, ou seja, a parte oca da vara, vai ficando cada vez mais estreita conforme a vara vai envelhecendo. Isto significa, que os brotos jovens já sobem do chão, com seus diâmetros finais definidos (como uma antena comum de rádio).

     Para fazer o manejo do bambu dentro da mata, recomendamos sempre o uso de roupas longas para evitar arranhões e picadas de insetos, além do uso de EPI (luvas de couro e botas de cano alto) e indicamos também o uso de ferramentas apropriadas, como as que estão abaixo. 

Serra de poda, facão e trena métrica

     Com estes detalhes em mente, e escolhidas as varas que serão cortadas, devemos definir o ponto do corte na vara. Esta escolha, deve ser feita de forma a evitar o acúmulo de água nas partes remanescentes. Por isto, recomendamos que o corte seja feito imediatamente acima de um nó conforme pode ser visto na imagem abaixo.

Corte cima do 1° nó

     Observem que após o corte efetuado, o resultado não deve ser semelhante a um copo de boca para cima, mas sim semelhante a um copo de boca para baixo. Na imagem a seguir isto pode ser visto, além de algumas pintinhas que são os vasos condutores de seiva na vara de bambu.

Vara recém cortada
     
     Após retiradas as varas, elas devem ser padronizadas para transporte e montagem da estufa. Neste caso optamos por cortar as varas e retirar os ramos laterais em uma área distante da moita, que ficava dentro da floresta e em lugar de difícil acesso. 

 Varas já sem ramos laterais

Padronizando o tamanho para transporte

Varas carregadas para transporte

    Após transportadas, foi iniciada a montagem das estufas e das bancadas dos morangos. Sim, atécnica de produção que optamos, será coberta para evitar molhar diretamente as folhas dos morangos e terá produção elevada do chão para garantir a ergonomia dos trabalhadores, evitando dores nas costas que podem prejudicar a saúde e o rendimento dos colhedores dos morangos.
     Estas bancadas, possuem a base em eucalipto, mas as estruturas que suportarão os "slabs" (sacos com substrato onde serão plantadas as mudas) dos morangos serão feitas em varas de bambu amarradas com velhas câmaras de ar de pneus, material facilmente encontrado nos descartes das borracharias.

Bancadas feitas com varas de bambu

     Após estruturadas as estufas, iniciamos o processo de preparo de composto para preencher os "slabs" e para a mistura ficar homogênea, utilizamos um misturador de tambores, que facilitou muito o trabalho, evitando desgaste físico e economizando tempo de mistura na enxada. Veja na imagem abaixo o misturador que utilizamos.

Carrinho com húmus e mistura com terra preta

     Conforme os "slabs" eram preenchidos, já eram imediatamente colocados sobre as bancadas de bambu que estavam prontas, evitando-se assim contratempos no cronograma de execução. Nas imagens abaixo podemos ver os suportes dos "slabs", feitos em bambu e amarrados com câmara de ar de pneus.

Detalhe da amarração (Vista superior)

Detalhe da amarração (vista inferior)

     Após estruturadas as estufas, preenchidos os "slabs", o passo final era buscar as mudas de morango. Após a chegada das mudas, as mesmas foram preparadas para plantio, ou seja, foram retiradas folhas velhas e as raízes foram cortadas em tamanho padronizado.

Mudas prontas para plantio

 Mudas plantadas nos slabs

Vista interna de uma das estufas

     É isso aí pessoal, agora há mais trabalho pela frente, cuidar das mudas para evitar o ataque de pragas e iniciar a colheita após a florada das mudas. Espero que tenham curtido a postagem!

Entre as águas os bambus e as jussaras

Há aproximadamente dez anos atrás, o então apenas Sítio Jaguatirica iniciou seu trabalho de reflorestamento, tendo em vista que até ali, suas atividades anteriores eram de cultivo de lavoura. Uma grande parte de área de lavoura, foi deixada em pousio, enquanto o sítio foi inscrito em um programa do estado do Paraná para recuperação de mata ciliar. 

É importante ressaltar que todas as araucárias haviam sido cortadas pelos proprietários anteriores, o que significava que o trabalho de reflorestamento a ser desenvolvido não seria nada fácil e demandaria dedicação constante se quiséssemos recuperar e estruturar a floresta ombrófila mista com suas árvores clímax. Enquanto o trabalho de plantio de mudas havia começado em pequena escala, inesperadamente e por força do destino, chegou ao sítio uma carreta com 5 mil mudas de espécies nativas do programa mata ciliar. Naquela época não imaginávamos que nos tornaríamos a Estação Jaguatirica de Permacultura e resolvemos plantar as mudas, trabalho que durou mais de três meses e se estende até hoje. Também iniciamos o plantio de pinhão em saquinhos, para que se tornassem mudas e posteriormente fossem para o meio da mata.

Ao mesmo tempo, iniciamos algumas experiências, como a de plantar também, mudas de palmeira jussara (da floresta ombrófila densa), bambus e outras espécies de interesse. O reflorestamento foi focado nas áreas de preservação permanente e encostas mais degradadas. 

Dendrocalamus Asper - 1° Broto

Durante esta empreitada, resolvemos plantar muitas mudas ao redor de um antigo afloramento freático. Hoje, este afloramento possui em seu redor, diversas árvores nativas da floresta de araucária, tendo algumas delas mais de 6 metros de altura. Inacreditavelmente o afloramento está dando sinais de querer virar um curso de água permanente. Seguiremos observando-o durante o período de estiagem pois agora durante as chuvas, ele transbordou e umedeceu  a superfície que o cerca, com sua água timidamente escorrendo para a parte baixa do terreno.

Muda de Jussara plantada há 6 anos pelo amigo Pinho

As araucárias já demonstram possuir 10 andares de ramificação de galhada, e, em meio à mata a fauna dá sinais de retomada de sua presença. No último final de semana encontramos trilhas de tatus e fotografamos um pica-pau de cabeça vermelha.

Muda de Phillostachys Nigra

Outra experiência que está sendo feita, é o investimento no plantio de diversas espécies de bambus. Acima vemos a foto de uma muda alastrante, com seu colmo negro, característica de baixo teor de amido. Abaixo podemos ver uma muda de Guádua Angustifolia, espécie entoucerante e de colmos de até 15cm de diâmetro.

Guádua Angustifolia

Hoje a Estação Jaguatirica de Permacultura conta com as seguintes espécies plantadas de Bambu: Dendrocalamus Asper, Guádua Chacoensis, Guádua Angustifolia, Bambusa Tuldoides, Bambusa Oldhami, Bambusa Multiplex, Philostachys Pubescens e Philostachys Nigra

Infelizmente ainda não temos mudas para a venda e nem fazemos comercialização de varas, trata-se apenas de um investimento para o futuro, afinal, o bambu é a madeira do futuro. O trabalho não para, e a todo momento ele continua. E você, já iniciou o seu?